Os cientistas alertam para a extinção desta árvore: restam 380 exemplares no mundo, mas vão criogenizá-la

Da Austrália chegam vários alertas sobre o desaparecimento de espécies autóctones. Agora, as más notícias vêm da botânica. Os cientistas verificaram que restam apenas 380 exemplares da árvore conhecida como mirto de caule angular (Gossia Gonoclada). Mas este triste acontecimento também tem um lado positivo. Segundo informou a revista científica Live Science, um grupo de investigadores já está a trabalhar para criogenizar os seus tecidos e conservar o ADN. O objetivo final é ressuscitá-la se desaparecer completamente. Se conseguirem, será uma verdadeira revolução científica.

A árvore que está à beira da extinção: existem apenas 380 exemplares

O mirto de caule angular é uma pequena árvore que habita ao longo dos leitos dos rios nas florestas secas do sudeste de Queensland, na Austrália. Dos seus 380 exemplares conhecidos, cerca de 300 crescem na zona da cidade de Logan, um dos últimos refúgios naturais da espécie. Além disso, é todo um emblema do ecossistema local, pois tem uma folhagem brilhante que chama a atenção. Destacam-se também os caules quadrados e os frutos muito doces. Por isso, também alimenta aves e morcegos locais. No entanto, desde 2010, a sua população caiu drasticamente devido à combinação de três ameaças catastróficas: a perda de habitat, o aumento das temperaturas e uma doença fúngica chamada ferrugem do mirto, causada pelo fungo Austropuccinia psidii. Esta infecção ataca os rebentos jovens, deforma as folhas, retarda o crescimento da árvore e reduz drasticamente a sua capacidade reprodutiva. Ou seja, a combinação perfeita para que acabe por desaparecer.

A técnica dos cientistas para recuperar uma árvore quando esta se extinguir

Criogenizar parece ficção científica, mas é a alternativa que os cientistas da Universidade de Queensland estão a considerar para evitar a extinção desta árvore. Eles já puseram em prática um método inovador baseado na criopreservação dos rebentos ativos da árvore, em vez das suas sementes. Essa decisão foi tomada porque as sementes estão demasiado enfraquecidas pela infecção fúngica. Em suma, elas não seriam capazes de sobreviver às baixas temperaturas nem garantir a regeneração genética. O processo consiste em cultivar rebentos estéreis num meio gelatinoso, extrair as suas pontas e tratá-las com uma solução crioprotetora antes de as submergir em nitrogénio líquido a -196 °C. Este tratamento evita a formação de cristais de gelo dentro das células, o que preserva a sua integridade. De acordo com a Live Science, o método já foi testado com sucesso numa espécie aparentada, o murta perfumada (Gossia fragrantissima), e alcançou uma taxa de sobrevivência de 100% após o descongelamento.

O banco genético que pode salvar milhares de espécies

O objetivo final deste projeto é criar uma reserva genética da espécie que permita recuperar árvores viáveis se a população desaparecer na natureza. Para isso, os cientistas estão a tentar reunir a maior diversidade genética possível, uma tarefa urgente diante do risco de que o murta de caule angular desapareça completamente nas próximas décadas. Na verdade, a iniciativa não visa apenas salvar esta árvore, mas também estabelecer um precedente ao criar bancos de criogenização de plantas ameaçadas que sirvam como discos rígidos biológicos para as gerações futuras.

Bela/ author of the article

Sou a Bella, tenho um blog sobre como simplificar a vida quotidiana e histórias interessantes. Partilho ideias práticas e momentos inspiradores.

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